Botijão a R$ 100, crise e desemprego trazem de volta o fogão a lenha

Os mais de 80% de aumento no preço do botijão de 13 kg nos últimos 12 meses, somados aos mais de 14 milhões de desempregados resultaram em um aumento expressivo no uso de lenha e similares como combustível para o preparo de alimentos dos brasileiros. É a volta de uma realidade que parecia esquecida, mas que vem se tornando mais uma faceta do novo normal para a população mais vulnerável.

A pandemia e a crise decorrente dela aceleraram esta troca, mas trata-se de um processo que já vinha se arrastando desde 2016, quando a Petrobras mudou sua política de preços em uma das primeiras medidas do governo de Michel Temer. Desde então os preços internos dos combustíveis no Brasil seguem as flutuações externas, o que pesou no bolso dos consumidores mais pobres.

Afetado por cortes de verbas já na presidência de Jair Bolsonaro, o IBGE não divulga dados sobre o uso de lenha e carvão como combustível nas cozinhas desde 2019, mas já naquele ano os dados impressionavam: O número de domicílios que usava carvão ou lenha para cozinhar cresceu 27% entre 2016 e 2019, saltando para 14 milhões de lares.

No Sudeste, onde historicamente o uso de lenha é mais raro, o aumento foi ainda maior: mais de 60%. Do total de domicílios do país, 21,8% usavam esse tipo de energia – ou seja, um em cada cinco domicílios do país.

A realidade é ainda mais cruel quando os alimentos acumulam alta de 14,66% em 12 meses, segundo o IBGE, com destaque para itens básicos como açúcar (44%), óleo de soja (32%) e carnes (25%). Muitas pessoas se veem tendo que optar entre o gás e o alimento.

Cristiane Oliveira





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