Polícia Federal indicia empresário Abílio Diniz por estelionato e organização criminosa

O delegado da Polícia Federal (PF) Maurício Moscardi indiciou o empresário Abílio Diniz e mais 42 investigados na Operação Trapaça, que é um desdobramento da Operação Carne Fraca.

Diniz foi indiciado por estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e crime contra a saúde pública.

Entre os outros investigados que também foram denunciados está o ex-diretor-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria, que foi indiciado pelos mesmos crimes que Abílio.

As investigações apontam que quatro fábricas da BRF Brasil Food são suspeitas de fraudar laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonella spp.

O grupo inclui China, África do Sul e países da União Europeia. Nesses países, a porcentagem de salmonella spp tolerada é menor que a tolerada no Brasil. De acordo com o ministério, estão suspensas as exportações dessas fábricas da BRF para esses 12 destinos.

No indiciamento, Moscardi disse que, após análise das conversas delineadas no aplicativo Whatsapp, ficou evidente que uma decisão de comunicação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no caso de detecção do patógeno Salmonella Pullorum, partia dos funcionários da empresa, bem como de seu coorporativo, deixando incontestável a prova de que a comunicação não era realizada ao entendimento da lei, mas à conveniência da empresa, para não ter seu processo industrial prejudicado com uma fiscalização mais incisiva dos auditores fiscais agropecuarios vinculados ao SIF da planta problemática".

Como funcionava a fraude

De acordo com as investigações, cinco laboratórios (sendo 3 credenciados junto ao Mapa e 2 do setor de análises da BRF) fraudavam resultados de exames feito nos produtos. Dessa forma, dados fictícios eram informados em laudos entregues ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA) a fim de driblar a fiscalização. Por esse motivo, a operação foi batizada de Trapaça.

As fraudes começaram em 2012 e foram reveladas a partir da ação trabalhista de uma ex-funcionária do grupo.

Segundo a PF, executivos da BRF, do corpo técnico e profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da empresa consentiam com as fraudes. Os executivos ainda fizeram manobras extrajudiciais para dificultar a investigação.

Esta reportagem está em atualização.





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