A semifinal mais "pesada" da história da Libertadores

O aspecto nefasto do aumento de vagas para Brasil e Argentina na Libertadores é o claro uso político da competição pela Conmbeol. O efeito colateral prazeroso disso, na edição de 2018, é a monumental configuração das semifinais. Os jogos entre Grêmio x River Plate e Palmeiras x Boca Juniors serão embates de fazer o continente se contorcer em êxtase e agonia. As datas não estão definidas, mas os jogos vão ocorrer entre 23 de outubro e 1º de novembro.

Se não bastassem os postulantes de grosso calibre e a presença do atual campeão, é a semifinal da Libertadores mais "pesada" de todos os tempos também por uma razão estatística, conforme indica a balança sensível ao nobre metal: são 13 títulos distribuídos entre os quatro sobreviventes. É verdade, ainda, que apenas o Boca Juniors, que passou pelo Cruzeiro rezando para San Riquelme, San Martín e San Vardomiro, tem quase metade dos títulos: venceu seis edições. O máximo até agora eram 10 títulos na semifinal, como em 2009, a última vez em que todos os quatro já haviam vencido o torneio (Grêmio, Cruzeiro, Estudiantes e Nacional), o que volta a acontecer este ano.

Por mais irônico que seja, o Boca Juniors, sempre sedento por copas como um trabalhador em noite de sexta-feira, é o time que chega mais contestado à semifinal. Tem uma grande equipe, mas seu retrospecto em jogos de envergadura deixa a desejar, sobretudo pela condução de Guillermo Schelotto. Mesmo cambaleante, é uma assombração para os brasileiros: ao passar pelo Cruzeiro, soma 14 triunfos em 17 mata-matas contra clubes do Brasil.

O time do bairro de La Boca enfrenta o Palmeiras, o menos vencedor dos quatro (um título), que alcançou a semifinal após 17 anos e, sobretudo, reencontrou em Felipão a metade antípoda e complementar do seu bigode, personificação do copeirismo palestrino ancestra, responsável por enfileirar vitórias e expectativas na mesma medida. É um confronto que tem história e uma rivalidade robusta. O outro embate, entre Grêmio e River Plate, coloca frente a frente não apenas dois tricampeões, mas provavelmente os clubes com o histórico recente mais impressionante na Libertadores.

Na Argentina, inevitável, os próximos dias serão preenchidos pela expectativa, que vai evoluir até a histeria, pela possibilidade de uma inédita decisão de Libertadores resolvida em Superclásico, o que certamente envolveria o país desde o cangote da Cordilheira até a colher que mexe o chá dos ingleses fleumáticos das Ilhas Malvinas. Até hoje, a fase mais avançada em que os rivais se encontraram foi a semifinal de 2004, quando, após dois jogos antológicos, o Boca Juniors avançou para perder o título diante do Once Caldas.

É a 18ª vez que o River alncança a semifinal, atrás apenas do Peñarol, que já chegou 20 vezes. Os xeneizes já marcaram presença nesta fase em 16 oportunidades, mas um número é especialmente impressionante: nove delas aconteceram apenas neste século, período em que la copa se mirou, se tocou e se vestiu de azul y oro nada menos que quatro vezes.





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